The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


domingo, 29 de julho de 2018

Leia o livro. Veja o filme: O conto de Aia

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O livro de Margaret Atwood é bem simples. Superficial. Todos os comentários e resenhas que vi me pareceram exagerados. Ou foram baseados na série ou foram pura invenção. Resenhar um livro pelo livro é o que se espera. 

Se vc. quer ver só a série, ok. A série vai acrescentar mais fatos e ressaltar os jogos psicológicos que no livro são sutis. A imagem ajuda bastante na composição da história. A imagem faz um grande serviço a esse livro que passaria despercebido não houvesse a série. 

Todas as discussões sobre gênero, feminismo, machismo, misoginia el all, advêm da série e não do livro. Se o livro tivesse esse poder ele o teria manifestado desde seu lançamento em1985.

Se optar apenas por ver a série no Halu, não irá perder muito deixando o livro de lado. Se optar pelo livro pode perder a magia da composição que a imagem produz. 

O site Halu é semelhante a Netflix. Vc. pode ver de graça por um mês e depois cancelar. Em um mês dá para ver a primeira temporada que é o que interesse. A continuação já será um plus a mais que não estará no livro.

A série é mais impactante. A revolta vem facilmente. No livro as construções são lentamente apresentadas. A resignação da narradora advém do seu treinamento bem eficaz. Ela acredita que sua função é divina. Mas aos poucos há um movimento entre algumas delas. É como se elas soubessem que estão num sistema, mas não tem como fugir dali. Então tentam se virar como podem para não perder a sanidade. Alguém vai tentar fugir e será punida. Alguém vai perder o contato com a realidade e deixar de ser útil aos propósitos.

De certa forma as mulheres são as mais prejudicadas. Parece que elas são castigadas justamente por serem mulheres e terem ousado serem independentes. Isso fica claro, É uma repressão a elas. Os homens dão um jeito de subverter as coisas. Para eles sempre será possível transgressões, como um clube de homens onde em algum momento mulheres serão  introduzidas no grupo. Essa cena me lembrou A Revolução dos Bichos, onde "a revolução" é uma farsa para a maioria sob submissão de alguns ditos lideres que, na verdade, se aproveitam do resto. Para eles nada ou quase nada mudou. Para os outros tudo muda e não há nenhuma concessão. A ideia de que todos devem se sacrificar por algum ideal, menos quem propõe os sacrifícios.

A vida enfadonha do lar. Aquele discurso de família que o conservadorismo insiste em empurrar por goela abaixo revela-se uma fraude. Os homens não são felizes com suas esposas caseiras e tediosas. "Não se pode trapacear com a natureza. A natureza exige variedade para os homens.", diz um dos personagens homem. Mas não há a possibilidade de as esposas fazerem o mesmo. Para elas só resta suportar.

É uma distopia? Em parte sim, mas também uma metáfora da realidade ainda presente. 

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