The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


terça-feira, 2 de junho de 2009

Larossoña-Poente de la Reina. 40,5 Km


Dia começa às 6:00.

Já deixo a mochila pronta no dia anterior. Junto minhas coisas e vou arrumar na sala.
Fico sem saber por onde é a saída para o Caminho e vou até o bar porque parece que vão abrir para servir o café da manhã. O bar ainda está fechado. Volto para o albergue e pergunto por onde segue o Caminho. Volto ao bar.

Tomo um café com leite e uma pasta doce. O senhor fica impaciente porque tem que atender tantas pessoas e não quer ser apressado. Chega a ser ríspido com alguém. Ele monta um kit de desayuno(café da manhã), mas se vc. pedir só um pão ele não vende pois vai faltar para montar o kit. Ele tem um forno elétrico onde assa as baguetes. Na cidade não tem padaria e para abrir às 6:00 ele teria que ter essa máquina do contrário não valeria à pena.

Chego à Pamplona lá pelas 9:00. Passo por uma padaria para comprar pão. Estou com algumas coisas que vieram do Brasil e ainda não comi: sopa instantânea, granola, chocolate amargo, amêndoas. O chocolate amolece e endurece conforme a temperatura e acabo descartando. Só como se for perto de uma fonte pois acabo bebendo muita água.

Pamplona é uma cidade movimentada. Atravessá-la toma um certo tempo. Passamos pelo Campus da Univerdidad de Navarra. A italiana Antonia vai até lá para carimbar a Credencial. Só carimbo nos locais onde durmo, pois no final acaba faltando espaço para tanto carimbo. Depois me alcança e seguimos por um tempo juntas, mas o ritmo dela é mais rápido que o meu. Ela me oferece uma barra de cereais. Guardo porque tenho pouca água e não sei se vai ter mais adiante.

Quem sai mais tarde fica em Pamplona ou em povoados após Pamplona.

O albergue de Pamplona é novo e quem ficou nele disse que é um dos melhores do Caminho. Como sai cedo decido ir em frente. Está super calor, mas vou andando sem pressa. Trecho sem sombra e sem água. Saiu a segunda bolha , agora na sola do pé, uma bolha sub cutânea. A italiana havia aconselhado a usar uma segunda pele de silicone que ela chama de "cerotto". Mas talvez pelo excesso de calor, que faz o pé suar mais e requer trocar a meia mais vezes,a proteção não tenha resolvido.E depois soube que só se usa essa proteção antes de a bolha aparecer. Quando já está se formando não adianta mais. Também por preguiça não troquei a meia. Mas depois passei a trocar pelo menos duas vezes, que é pouco.

Devido ao calor intenso tive que parar várias vezes para descansar e aproveitava a sombra para comer. Em Zariquigui a falta de água me obrigou a bater na porta de uma casa. A senhora me disse que tinha um fonte na Igreja. E meio a contragosto encheu minha garrafa com água da torneira. Não tinha um gosto muito bom, mas não quis voltar até a fonte da igreja e segui. Subindo pelo trilha avisto o que o Don Quixote confundiria facilmente com moinhos de vento. Só que esses são gigantes de ferro com hélices monstruosas. Produzem energia eólica. Parecem cataventos gigantes.

Logo depois cheguei ao Alto do Perdón onde tem uma escultura em ferro vazado representando uma caravana de peregrinos à cavalo. Ali tb. tem uma fonte, mas não tem água nela.

Chego à Puente de La Reina à 15:45. Ainda tem lugar no Albergue de Peregrinos. 4Eu.
Tomo banho, lavo roupas, a cama não tem travesseiro. Albergue bem legal tem cozinha.
Vou ao mercado comprar provisões para o dia seguinte. Na sessão de verduras tem uma moça montando guarda para que ninguém pegue as coisas. Tem que pedir o que quer e ela pega.

Depois vou a um bar tomar café. Abro o jornal e vejo a matéria sobre o acidente com o voo da Air France que vinha do RJ à Paris. Fico emocionada e penso que poderia estar num voo da Air France já que era uma das minhas opções chegar por Paris e ir de trem direto à SJPP. Desisti da Air France porque a Ibéria tinha uma tarifa promocional mais atraente e porque se tornaria mais caro o deslocamento do aeroporto e de trem via Paris. Mesmo assim eu sai do Brasil 3 dias antes do acidente.

Volto ao albergue para ver se as roupas estão secas. No jardim tem um casal de japoneses. O japa está visivelmente embriagado. Fala comigo em japonês. Falo em inglês e a mulher traduz. Mas ela parece envergonhada por ele. Mais tarde ele será apelidado de "Japa borracho", pois continuará repetir a dose em outros albergues.

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