The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Villamayor-Los Arcos-12,5Km

Acordo às 6:00. Como hoje farei um trajeto curto gostaria de ter dormido até às 7:00,mas quem levantou e quem saiu antes está na cozinha numa conversa animada. Esquento água e preparo um chá. Tem pão e alguns doces para passar. Como duas fatias de pão. Vou ao banheiro e depois me despeço das pessoas e parto pian piano porque sei que será difícil caminhar hoje com a dor na perna e no quadril. Por causa da bolha na sola do pé acabo pisando errado e complica mais ainda.

Chego cedo à Los Arcos.
Passando pela rua principal entro em um mercadinho. Olho as frutas e vou pegar duas bananas, mas a senhora me reprime. Diz para não tocar. E ela vai lá e pega as bananas que ela quer. Fico sem ação, pois ainda não tinha acontecido nada assim e porque esse não é nosso costume, mas não falo nada. Ela pede se quero presunto e queijo. Corta um pedaço maior que eu gostaria, mas como ela tem cara de general não reclamo. Vou embora aborrida com a dona.

Mas depois me questiono sobre os costumes locais e que preciso prestar mais atenção neles. Ainda vou levar mais alguns pitos até aprender a me comportar em mercadinhos de poeblos,super mercados e lojas.

Acho o albergue simpático e tem cozinha. Não tem ninguém. Sou a primeira da fila. Mas logo começam a chegar outros caminhantes destruídos. Um californiano e um casal jovem de espanhois. Mais uma americana cheia de bolhas enormes piores que a minha. Eles vem de Estella e já estão aqui. Fico pasma. Essa gente tem asas nos pés. Fiz 12,5 Km em 6 horas me arrastando.

O hospitaleiro sai e já distribui uma ficha para que quem está ali e quem vá chegando preencha. O carimbo está sobre a mesa e cada um pode carimbar sua credencial. Agiliza o trabalho dele. Quando volta às 12:00 já entramos e fico com o californiano e o casal de espanhois num quarto com dois beliches.

Tomo banho e vou até outro mercadinho em frente à igreja comprar pão e outras coisas para comer. Uma senhora passa na minha frente. Isso pode, ser mal educado, pode. Se fosse eu levaria um pito.

Sento no banco em frente à Igreja para comer um pacote de batata que não parece ser frita e nem parece ser batata e não tem sal. Observo os peregrinos que passam e os que estão na praça. Depois volto ao albergue para a siesta.

Mais tarde vou preparar alguma coisa para comer. Faço sanduiches com o pão que comprei. Faço uma das últimas sopas de caneco que tinha e como pão com presunto e queijo.

Não há o que fazer. A igreja está fechada. Ando por algumas ruas, mas minha condição não permite perambular muito. Volto à rua principal e compro um lenço para proteger o pescoço do sol. Na Europa as mulheres usam muito lenço no pescoço e tem cada um mais lindo que o outro, mas o que comprei era na verdade um cachecol, made in Thailândia.

Vou ao centro cultura que fica em frente ao albergue. Lá tem jornais. Tem computadores com internet, mas não se pode usar.

Volto ao albergue e compro um capuccino de máquina. Os hospitaleiros são belgas. Ela me conta que eles falam um dialéto que é uma mistura de inglês, francês e espanhol. Não lembro o nome do diáleto. Mas quando ela tenta falar esses idiomas separados não consegue falar direito nem inglês, nem francês, nem espanhol.

Ela quer conversar e então vamos mesclando um pouco de cada idioma. Me conta que já fizeram o Caminho de Santiago sete vezes e que este ano fizeram o Caminho Português. Segundo ela, mais bonito e com menos gente.

Pergunto como eles vieram parar nesse albergue. Ela conta que há uma instituição que ajuda na manutenção do albergue. Uma senhora suíça que fez o caminho e escolheu a cidade para abrir um albergue público. Ela pediu ao prefeito um lugar e a cidade cedeu uma antiga escola. Assim essa senhora consegue doações na Suiça e envia para a prefeitura que mantém o albergue.

Em alguns lugares é assim. Os albergues recebem doações de algum país que adota o albergue. Principalmente da Alemanha e da Suiça.

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