The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ponferrada-Villafranca del Bierzo-18Km


Não consegui dormir no quarto. Fui dormir na biblioteca onde tinha colchões. Levantei cedo e tomo um café de máquina.

Esqueci minha lanterna na biblioteca pois não a encontrei no bolso da mochila. Sigo os dois franceses. Gente, como falam. Eles comentam tudo detalhadamente e se lamentam de qualquer coisinha. Parecem duas comadres carpideiras. Às vezes é melhor não entender o que falam e deixá-los se distanciar.

Há poucas setas na saída da cidade e entre ir pelo asfalto e pela trilha os franceses decidem seguir os espanhois e vamos parar em uma trilha em desuso. O francês A. começa a reclamar: "Por que fomos seguir os espanhois. Por que fomos vir por aqui." o francês B põe panos quentes. E ai já viu vai ser um trajeto todo se lamentando pela escolha.

O mais legal é que esse trajeto é cheio de cerejeiras e quando estão ao alcance da mão paro para matar a vontade. Cerejas são deliciosas. Chamo esse trecho de Caminho das Cerejeiras. Outra francesa aparece. Uma senhora. Está exausta. Para varias vezes para descansar.

Passamos por vinhedos, cerejeiras, macieiras.

Já está muito quente e decido ficar em Villafranca Del Bierzo. Na cidade tem a famosa "Porta del Perdón". Muita gente vai adiante. Chego no albergue e a hospitaleira é hostil. Meus pés doem e choro um pouco de raiva por ser mal tratada e de dor.

Vou no outro albergue mais simples, Ave Fenix. Que era um dos antigos refúgios de peregrinos. De um tal de Jesus Jato. Alguém aparece e me oferece um copo d´água. Descobro que tem um brasileiro hospitaleiro ali e ficamos conversando. Ele quer que eu vá para lá. Que peça o dinheiro de volta no albergue municipal e fique no Ave Fenix.

Logo chega o casal de italianos e me vê ali. Eles ficam no Ave Fenix. O holandês já estava lá. Só não fiquei porque achei meio pequeno e como tenho essa problema de falta de ar fiquei onde estava. No meu quarto tinha uma sacada e a porta ficou entre aberta.

Precisava trocar uma nota de 100 euros e como a cidade tem cara de ser mais movimentada que um pueblo aproveitei para almoçar. O almoço foi suntuoso. O menu aqui era bem mais que cabia no meu estômago. Comi bem.

Esperei o mercado abrir para comprar suprimentos para o dia seguinte. No caminho encontrei com o casal de italianos que me mostrou onde tinha um mercado. Eles queriam se despedir pois achavam que não nos veríamos mais. Nos despedimos com lágrimas nos olhos. Foi um encontro precioso. Eles foram como uma mamma para mim. Sempre atenciosos, preocupados se eu estava bem, se tinha comido... Coisa de italiano.

Aqui muitos já contratam o transporte de mochilas e ou vão de ônibus pois há uma subida longa no próximo trecho. Principalmente para quem vai até O Cebreiro é um trecho pesado.

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