The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


domingo, 21 de junho de 2009

Forcebedón-Ponferrada-26Km


Sai as 6:00 depois do café servido pela hospitaleira do Albergue Paroquial. Em poucos minutos já chegamos na Cruz de Ferro. Aqui se vc. carregou uma pedra desde SJPP ou Roncevalles deve deixá-la na montanha de pedras. Esse é um dos muitos rituais do Caminho. Fotos e continuo agora uma longa descida. Alguns vão pelo asfalto.Em Monjardín, em frente ao Albergue alguém colocou uma bandeira do Brasil e escreveu Caminho do Sol.

Seguindo abaixo, ora por trilhas de pedras, ora pelo asfalto. Descendo,descendo. Parando para tomar café com um bolo em El Acerbo. Um Espanhol com a camisa do São Paulo. Mais descida, trilhas verdes e sombra. Encontro com o casal italiano e sigo com eles.

L. compra um quilo de cerejas e vamos comendo e jogando a semente no mato desejando que daqui há alguns anos hajam cerejeiras nesse trecho. Depois nos extasiamos com os campos de lavanda e amora selvagem. O perfume se alterna no caminho e os pássaros cantam animados. Chegando em Campo o sino da Igreja do Séc XV toca melodias como a Nona de Beethoven e é agradável caminhar ouvindo o sino.

Encontro com um húngaro que havia ficado para trás em Burgos. Estava com tendinite. Vem pelo caminho brigando com ele mesmo, falando sozinho em húngaro. Passa e penso:"Esse surtou." A dor da tendinite é terrível. Melhor seria se ele tivesse feito trechos mais curtos e descansado mais. Mas o rapaz parece cabeça dura. Penso em falar com ele. Ele me dá uma resposta mal humorada e sigo.

A longa descida já tinha passado e foi dura mas só vou sentir no dia seguinte.

Chego no Albergue San Nicolas de Brue às 13:30 e já há fila para entrar. Sob o sol forte, as pernas e os pés doloridos, esperar 40min parece uma tortura e depois entrar e receber uma cama de cima dá vontade de sair e voltar a caminhar até outra cidade. Mas depois passa. Nesse albergue eles dividem mulheres para um lado, homens para outro e casal para outro. Há cozinha e máquina de refri, água, e café. Tem lugar para lavar e estender a roupa.

Pergunto ao hospitaleiro onde tem um mercado. Ele me mostra e depois das 14:30 vou lá. O casal de italianos também quer ir no mercado e mostro para eles onde fica.

Há uma fonte na entrada do albergue e as pessoas ficam ali na beirada molhando os pés como se fosse e uma piscina. O casal de sul-africanas já está na cantoria. Sento na mesa deles e me oferecem vinho. A moça toma vinho como se fosse água. Apesar de embriagada canta muito bem. Encontro com uma paulista que começou o caminho em León e já está detonada.

Internet grátis no primeiro andar, apenas 15min por pessoa. Mas se não tiver ninguém da pra ficar mais tempo.

Tentei cozinhar algo mas a disputa por um lugar na boca do fogão estava longa e desisti.

É duro ficar dias comendo só pão com alguma coisa.

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