The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


quarta-feira, 28 de março de 2018

Arquipélago de Gulag:Três volumes

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Volume condensado 
Três volumes

Quando minha professora de história, do cientifico, hoje ensino médio, me passou em confiança o Arquipélago Gulag foi porque ela percebeu que naquela classe entre muitos, talvez fosse a mais interessada. E eu era genuinamente interessada em história e biologia. Eram as duas opções de carreira, mas eu esqueceria delas, apesar de ter optado mais tarde pela biologia. Poderia também ter sido quem sabe professora de história. Ou não. Teria que vencer obstáculos como a timidez, a memoria fraca e o medo de falar em público.

Quando a professora me emprestou o Gulag, que eu não consegui ler por completo por ser um soco no estômago, foi com ressalvas. Ela dizia que em outros tempos me emprestar ou mesmo ter esse livro poderia leva-la a um interrogatório na DP ou até à prisão e tortura acusada de subversiva ou comunista. Pois hoje parece que o tempo voltou para trás uns 50 anos.

Ela não ensinava história de forma normal. Ela contava histórias sobre os fatos. Afinal o que é a história senão uma fábula de fatos onde o maior interesse era esconder a verdade e relatar apenas o que interessava. O verniz das coisas.

Quando ela falava das peripécias de Napoleão eu secretamente lia Desiree, de Annemarie Salinko. Era mais interessante acompanhar Napoleão na narrativa de um dos mais famosos romances da época, hoje esquecido, do que nos livros de história.

Hoje, será que algum professor de história poderia mencionar o Gulag em sala de aula? Ou mesmo se arriscaria em pedir que alguém o lesse? E se houvesse algum aluno reacionário na classe certamente o denunciaria e ele/ala sairiam presos da escola.

Tive sorte de estudar num tempo de transição, relativamente calmo. Hoje talvez ensinar história seja mais perigoso que no tempo da ditadura de 64. Infelizmente. Mas nada impede que aquele aluno curioso pesquise na internet e essa é a grande diferença. Pelo menos enquanto não bloquearem a Internet para pesquisa de certas palavras chave que se considere indesejáveis.  

Hoje vejo muitas pessoas lendo o Gulag e me pergunto: Qual o atrativo desse livro? Para historiadores, jornalistas, é importante, mas jovens... Será que terão maturidade para aguentar tanta violência? Talvez tenham. Se são aqueles leitores de histórias de terror. Se já leram Stieg Larsson. Se já viram narrativas muito violentas como Game of Thrones. Pode ser que achem o Gulag mais do mesmo. Mas o Gulag não é fantasia. É algo que aconteceu.

Achei uma edição em três volumes em inglês. São mais de 1500 páginas. Não sei se tenho tempo e disposição para ler algo tão extenso. Há edições em um único volume.

Quem sabe os jovens que estão por de esses dias pedindondo a volta da ditadura e outros reacionários deveriam ler esse livro. Basta a edição condensada para, se conseguir, vomitar por um mês de indignação.

A edição que a professora me emprestou ainda encontrada em sebos. A edição em inglês pode ser encontrada em pdf.

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