AudioLivro: O Duplo

"Só ponho a máscara quando vou a um baile de máscaras, e não diariamente diante das pessoas."

Yákov é um funcionário público de São Petersburgo, nível quinze. Porque dependendo do nível o salário vai de miserável à altíssimo. Yákov pode se dar ao luxo de ter um criado. Também tem economias guardadas.

É um cara que prefere ficar em casa. Embora seu médico lhe recomende que passeie, veja as pessoas, saia do seu ninho, ele diz que é feliz assim mesmo. Na verdade Yákov tem medo e vergonha de pessoas que tem uma condição melhor que a sua. Quando vê o chefe da repartição onde trabalha passando e este o reconhece, ele fica petrificado e tenta se esconder ou fazer de conta que não é ele.

Yákov é constantemente humilhado por seus colegas de repartição que o rejeitam tomando-o como pouco amistoso.

As coisas pioram quando outro Yákov, mesma cara mesmo focinho, mesmo nome e sobrenome, aparece na sua vida e na repartição. A principio ele estranha, acha que está tendo uma visão. Depois decide conhece-lo levando-o para sua casa e tratando-o como irmão, mas no dia seguinte tudo muda a olhos vistos o outro Yákov vai tomando seu lugar em tudo e se fazendo muito mais amável, amigável, a ponto da rejeição de Yákov primeiro ficar cada vez maior.

A insociabilidade de Goliatkin o põe diante de outro, alguém que ele deveria ser, que as pessoas querem, ou esperam que ele seja. E ele não se apercebe. Ele só vê o outro como rival, aquele que tomou seu lugar. Mas o outro é seu espelho e se ele insistir em continuar sendo quem é o outro ficará no seu lugar,

Por um momento eu pensei que o Dostô iria usar o truque do sonho. Sempre que usam esse truque eu me sinto enganada. Mas no fim o outro desaparece e só resta o Goliatkin primeiro posto em uma carruagem rumo a uma casa, Subentende-se que é um manicômio. O cara estava tendo alucinações.

Dostô talvez tenha quebrado a cabeça em como finalizar a história. Entre manter o absurdo e voltar a realidade, ele optou pelo desfecho mais óbvio.