The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Livro:Nietzsche Coletânea

Tenho esse livro desde os tempos da universidade. Dos tempos em que ligava para a Livraria Italiana e pedia os títulos. Tentei ler varias vezes, mas nem sempre Nietzsche é palatável. Agora por alguma razão que não sei explicar tornou-se fácil lê-lo. Fácil pode ser uma ilusão. Mas digamos que desse com leveza. Não me incomoda como antes. Ainda me faz pensar, mais nele do que no que ele escreve. Talvez mudar o foco ajude. 

Nossa profe de Teoria Literária costumava dizer que se o texto não pode ser comido, então coma o autor. Ou seja, estudar o autor pode ajudar a nos aproximar do que ele escreve. É uma boa estratégia.

Pretendo ler toda essa coletânea mas por ora leio Ecce Homo.

Ecce Homo é uma pequena autobiografia e uma panorâmica de todos os trabalhos de Nietzsche.

É curto e foca muito no Wagner e no Schopenhauer as duas grandes decepções do autor. Wagner por ter deixado de ser ateu e abraçado a cosmologia alemão em sua obra. Para Niet. foi uma traição imperdoável. Para Wagner foi talvez apenas conveniente. Ou vc. faz parte do todo ou não faz parte de nada. Niet. escolheu não fazer parte de nada e ficou sozinho remoendo seus ressentimentos. Pode ser que ele tivesse um pouco de ciúmes de Wagner por ele ser reconhecido em vida. 

Gosto muito das óperas de Wagner. Já cheguei a ler alguns libretos traduzidos. Se ele abraçou o germanismo como um caminho e isso lhe trouxe fama entre aqueles que Nietz. desprezava: O clero, a monarquia, os líderes em geral, fazer o quê? Wagner não iria deixar de compor para fazer a vontade de um amigo "doente", porque Nietz. não esteve só doente fisicamente, mas a sua mente inflexível, também denota algo mais que defesa de princípios. Nietz. queria explosão, ruptura, queria o novo o moderno, o dionísico, aquilo que rompesse que o antigo. Como Wagner iria por esse caminho sem apoio financeiro e num tempo onde as pessoas não estavam preparadas para esse salto. Ele fracassaria e talvez fosse o seu fim. 

O antissemitismo dos Wagner também incomodava Nietz, principalmente de Cossima, por quem se supõe ele nutria uma paixão platônica.

Obviamente que todos que não concordam com Niet, ele os comeria o fígado.

Quanto a Schopenhauer, ele primeiro se apaixona por seus pensamentos. Ele concorda em vários pontos com Schop, mas depois reflete melhor e discorda. Schop se apropria da premissa budista que diz a vida é sofrimento. Porém Schop. interpreta erroneamente a premissa Budista e diz que se tudo é sofrimento não vale a pena viver. Nietz. diz em Crepúsculo dos Ídolos que o que não me mata, torna-me mais forte. Que o sofrimento é necessário ao crescimento humano. O que Schop diz é que não vale a pena viver porque a vida é um suceder de vontades que nunca se saciam.  Ele prega um niilismo passivo. Nietz. já sugere um niilismo ativo, aquele onde a vontade torna o homem forte, o faz lutar contra a dor e o sofrimento e não apenas aceitá-lo como sugere Schop. Enquanto Schop. conclui que negar a vida é a solução para tudo. Nietz. concluí o oposto o querer viver. Como se Nietz. dissesse: Viva o melhor possível, viva com intensidade, 100 % nesse mundo, então vc. pode morrer.


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