The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Livro: As Boas Mulheres da China

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Essa autora tem bons livros. O tema China daria pano pra manga por milênios e ainda assim não acabaria o assunto. A autora é uma jornalista chinesa que tentou ajudar as mulheres através de um programa de rádio. Um tipo de conselheira sentimental. Mas como havia muitas restrições em conversar ao vivo com as pessoas e o contato se fazia por cartas, muitas vezes as cartas chegavam tarde demais para quem buscava ajuda. A autora usa as cartas e depoimentos como narrativa. comenta, e fala da sua inexperiência em lidar com temas que chegam a ela. Mais tarde devido ao sucesso do programa ela recebeu permissão para falar ao vivo com quem ligava, mas sempre havia um delay nas ligações caso precisasse cortar a mesma. Cercada de uma sociedade tradicional, supersticiosa e machista, além do controle do governo, ela se vê muitas vezes de mãos atadas. Mas mesmo assim procura conversar com as mulheres que encontra e essas conversas a deixam sempre perplexa.

Não pense que ela está falando de histórias do período imperialista. Ela relata histórias dos anos 70-90.

Temas como estupro de pais a filhas. Violência doméstica. Mulheres que trabalham para sustentar o marido e a família, suicídio, compra de esposa por homens mais velhos que não tem o tal filho homem, raptos ou roubo de mulheres, homossexualismo, os abusos da revolução vermelha às meninas que sofriam estupros coletivos, a relação das pessoas com o partido, etc.

Não sabia que o qigong é uma religião na China com várias seitas, e mestres com poder semelhante aos gurus.

O livro mostra que a cultura chinesa é regida por provérbios e autora costura a narrativa com muitos deles e seus próprios. Eis alguns:

"A água sustenta o barco, mas também pode virá-lo." Cap. 4, p. 80.
"Existem 36 virtudes, mas não ter herdeiro é um mal que nega todas elas."  Cap.5, p. 86.
"A pobreza gera o desejo de mudança." Mao Tsé Tung. Cap. 6,p. 110.
"Se não puder fazer alguém feliz não lhe dê esperança." Da autora. Cap .7, p. 133.
"A lança atinge o pássaro que espicha a cabeça para fora." Cap. 8, p. 134.
"Se você se mantém ereto, por que temer uma sombra recurvada?" Cap. 8, p.134.
"A galinha no galinheiro tem grãos para comer, mas tem a panela por perto: a garça selvagem não tem grão algum, mas o seu mundo é vasto." cap. 8, p.142.

As histórias são todas tristes, de verter lágrimas. Prepare o lenço.

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Em 1997 a autora foi morar em Londres e acabou por se casar com um inglês, levando seu filho para lá. Na China não poderia ter publicado seus livros. É professora da Universidade de Londres e escreve para o The Gardian.

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