Ana Cristina Cesar foi a homenageada deste ano na Flip. Poeta nascida no RJ, fez parte da chamada geração do mimeógrafo. Considerada poeta marginal. Viveu no período da ditadura, onde as formas de expressão artística precisavam driblar a censura. Sua poesia circulou de mão em mão ficando distante do universo editorial e do leitor-consumidor. Uma poesia que circulava entre amigos e artistas. Ana estudou literatura e fez mestrado em comunicação, traduziu outras poetas.
Seus livros mais conhecidos são Cenas de Abril, Luvas de Pelica e A Teus Pés.
Ana C, como era conhecida, suicidou-se pulando da janela do apartamento de sua família depois de um descuido de quem a cuidava, pois já havia tentado outras vezes. O motivo? Uma família tradicional, conservadora que não aceitava a opção sexual da filha. Mas há que se ler suas cartas e diários para ter uma noção mais correta do assunto.
Algumas pessoas reclamaram publicamente da Flip não abordar a sexualidade de Ana C. mas esse fato foi amplamente lembrado nas mesas onde ela foi o tema. Afinal ela não era escritora por ser lésbica e nem lésbica por ser escritora.
Outros reclamaram a escolha de uma poeta "menor". A esse questionamento bastaria lembrar que varios livros foram lançados sobre Ana C. na Flip. Basta perguntar-se, então, quem patrocinou esse homenagem e teremos a resposta do porque Ana C. ser a homenageada deste ano. A mim pouco importa pois sabemos que a Flip é um evento editorial. Só nos dias da feira vende-se, talvez, mais que no ano todo. Ana C. apenas estava ali sendo explorada comercialmente, na pior das hipoteses e na melhor, foi uma oportunidade de novas gerações descobrirem sua existência e de quem ainda não havia descoberto também.
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