Livro: A Mãe

A Mãe é mais uma metáfora do que é tal e qual. Suas qualidades e ponderações representam o juízo, o freio, o medo, o ver, observar, aprender, instruir-se e esperar para agir no momento certo. O oposto do comportamento impulsivo dos jovens que começam a se embrenhar no caminho revolucionário. Mal lêem um livro e saem para a rua protestar. Hoje diria-se: mal lêem um tweet ou uma postagem no Face e saem metralhando com palavras tudo e todos e depois vão às ruas com frases prontas sussurradas por entidades ocultas no emaranhado digital, mas não tão anonimas quanto se perceba. Ou não encontráveis a ponto de não serem chamadas a responsabilidade de seus atos. 

Os jovens sabem que serão encontrados e presos e até anseiam por isso. A cadeia para eles é um momento de descanso. Se ela não vir com tortura. Atualmente com a cadeia viria a fama instantânea.

Dizem que a luta não deve derramar uma gota de sangue e que não querem o poder, mas na pratica não é bem assim que sucede. Entre o escrito é vivido há uma distância que se chama ilusão. No caso da Rússia a ilusão chamava-se Lenin e Stalin. Muito sangue, muito sofrimento por tão pouco resultado na prática. Na prática mesmo, o Lenin e Stalin enriqueceram e os camaradas continuaram pobres, os miseráveis continuaram miseráveis.

Do ativismo vem a prisão, as torturas, A Sibéria e o exílio.

A Rússia  é uma fábrica de escritores revolucionários. Mas de onde vem essa veia revolucionária? A influência mais imediata parece ser Marx. 

O triste é que muito pouco mudou na Rússia e tantos morreram por pouco. Mas Gorki morreu acreditando que tinha feito a sua parte na construção de um caminho para um mundo melhor. O mais penoso engano do revolucionário.

No fim tem-se a impressão que a mãe é usada pelos revolucionários já que ela atrai menos suspeitas que os jovens. Mas mãe é mãe e também costuma-se chamar  pátria.

Provavelmente muitos operários e candidatos a sindicalistas leram esse livro. Outros foram fazer estágio na Rússia e depois de suas ações serem reprimidas exilaram-se por lá.