Por sorte já tinha lido essa peça e quando vi que estaria sendo apresentada no Sesc Bom Retiro fui ver.
É uma peça que se desenrola muito lentamente. Com vários pontos onde se pode rir de si mesmo. Sarcasmo é uma das características de Tchekov. Ele expõe a sociedade do "dolce far ninte", a aristocracia russa, muitas vezes falida, mas que vive de aparências. Uma sociedade improdutiva em oposição ao camponês e o produtor rural que realmente trabalham, produzem riquezas e alimentam o país. Esse é um dos grandes temas do autor assim como o era de Tolstói.
A beleza das cerejeiras é essencial para quem aprecia a arte, mas inútil do ponto de vista prático de quem vê aquele espaço improdutivo. A arte, a ciência e filosofia são postas em conflito com o que é vital: produzir, ganhar dinheiro, ser bem sucedido. Para o camponês analfabeto e iletrado o que lhe importa é a terra e o que ela lhe dá. Para quem vive na cidade o que importa é o conforto, as festas, a boa comida, a companhia de amigos e bajuladores. São dois mundos completamente separados que não se entendem e um sempre terá que se impor sobre o outro para sobreviver. No fim todos se arranjam ao seu modo com perdas e ganhos.
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