The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


sábado, 30 de maio de 2009

Primeiro dia no Trem e Chegada.

Acordei cedo demais e tive que esperar o Metrô abrir às 6:00. Depois fiquei esperando o trem na Estação Chamartín. Chequei a via de embarque na lista de horários fixada num dos mostruários da estação. Depois esperei para ver se seria aquela mesma no tela de partidas. Era a via 16 para Hendaya. Passamos a bagagem pelo raio X e o bilhete é conferido. O trem é confortável tem moças como nos aviões mas não sei como chamá-las. Assistentes de bordo? Distribuem fones de ouvido para quem quer ouvir música ou assistir o que passará na tela. Vamos passando por regiões áridas e montanhosas até chegar a costa cantábrica. San Sebastian parece a maior cidade por onde o trem passa. Mas só partir de Biarritz dá para ver o mar.

O tempo entre um trecho e outro é curto. Desço correndo do trem em Hendaya para embarcar no TGV para Bayonne. O TGV é velho, mas imprecionantemente consegue ser mais silencioso que o trem novinho da Renfe. Parece que deslisa, quase flutua sobre o trilho. De novo me apresso, o "trem", agora para Saint Jean Pied-Port já está apostos. Mas ele não sai no horário. Como há várias conexões que permitem chegar a SJPP, o trem espera que os TGVs cheguem para coletar todos os possíveis peregrinos. O dia está quente e no vagão não tem ar condicionado. Não nada extraordinário, apenas um vagão velho que só existe porque alguns malucos veem de todos os cantos do mundo para acessar SJPP.

Ansiedade, dor de estômago, me acompanharam até chegar no destino final. O espaço curto entre as conexões me afligiu. Depois sair correndo para conseguir um lugar no albergue de peregrinos. Fui até o Albergue no número 55, Rue de la Citadelle ao invés de parar na Oficina dos Peregrinos que fica na mesma rua mas no núm, 39, à esquerda de quem sobe. Então tive que voltar.

Percebi que o cara que atendia era mais simpático com as mulheres e quando perguntou quem falava francês me apresentei. Falo coisa mínima, mas nos entendemos. Quando viu na credencial: "Brasil", ficou todo animado. Quem não gosta de brasileiros?

Logo percebi que as senhoras que atendiam não gostavam da ideia de falar inglês. Estavam visivelmente entediadas com os anglofolos. Falar inglês para um francês é trair la langue. Ainda vou ver demonstrações dessa esnobice por todo o Caminho. Se vai começar o Caminho pela França recomendo dar uma estudada no francês. Faz toda diferença. E depois uma atenção maior ao espanhol.

Enfim, o senhor que me atendou e foi super atencioso me mandou para o albergue da Associação, cama 22, beliche. às vezes o numero par é da cama de baixo e outras vezes na cama de cima. Assim não dá para saber. Só quando se chega no dormitório depara-se com a sorte ou o azar do posto no beliche.

Alguns eram enviados para Orisson há 7,5km dali, de taxi.
A francesa disse para um senhor coreano que não tinha mais lugar, e não era verdade. Eles fazem uma seleção. Conforme a cara da pessoa. Mas não dá pra saber. É pura conjectura ou sorte. Quem foi para outro albergue não andou os 7,5Km. Eu pessoalmente não aceitaria, já de saída, perder 7,5Km.

O albergue é limitado. Não tem cozinha aberta aos peregrinos. Tem travesseiro com fronha, cobertor e lençol de baixo. Deve-se usar o saco de dormir.

Não vi que tinha a concha na Oficina do peregrino e acabei comprando uma em uma loja.

Precisa comprar comida, caso não tenha trazido de onde veio e precisa comprar comida para o dia seguinte,pois esse trecho de subida é puxado e demanda bastante energia. Há dois pequenos mercados na Cidadela e fora dela há outros. Há apenas dois postos de abastecimento de água. Costuma ser frio devido a altitude. Na próxima cidade que é Roncesvalles tb. não vai ter onde comprar comida. E na próxima, Larrosoaña idem. Mesmo comendo no restaurante será necessário levar algum alimento para as horas do percurso.

Alguns levam muita comida na mochila nessas etapas,o que torna os primeiros dias muito sofridos. É ai que surgem as primeiras complicações: bolhas, dores musculares e posteriormente tendinite.

Levei pouca comida e senti a falta de carbo na subida dos Pirineus. Depois jantei em Roncesvalles e comi no bar em Larrosoaña.

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