The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Livro: Há quem prefira urtigas

Resultado de imagem para há quem prefira urtigas livroJunichiro Tanizaki publicou esse livro em 1928. Seus primeiros livros tem forte influência dos hábitos e costumes ocidentais. Há também a inserção de algum tema da cultura japonesa,como acontece com vários autores japoneses da mesma geração que Tanizaki. Mais tarde ele retomará personagens da história do Japão como tema central da narrativa.

O enredo trata de uma família composta por Kaname e Misako casados há 8 anos com um filho, Hiroshi. Um casamento ao que parece, arranjado. Após o nascimento do filho, Kaname não quer mais se relacionar com a esposa e a rejeita. Ela fica muito triste, mas depois de um tempo conhece Aso com quem passa a ter um relacionamento. Tudo com o consentimento do marido. 

Passam-se os anos e Misako pressiona o marido para que peça o divorcio, assim ela poderá se casar com o amante. Mas Kaname teme que o sogro não aceite, pois ele precisa autorizar o divórcio. Ele propõe a esposa que vivam juntos, como um casal, para evitar falatórios e para poupar o menino de uma separação. Ele propõe um acordo onde Misako e Aso, depois de dois anos devem decidir se vão se casar. Havendo esse compromisso ele irá oficializar a separação e eles ficarão livres para se casar. Caso não dê certo, ele se dispõe acolher Misako de volta na casa. Ele também tem uma amante e frequenta um bordel.

Longas páginas são dedicadas ao sogro. Um senhor de mais de 50 anos apaixonado pelo teatro de bonecos. O tradicional Bunkaru-Jôruri.

Ele vai aos teatros e percorre o país com sua jovem concubina para assistir às apresentações e festivais. Os bonecos tem a cabeça de madeira e um fenda horizontal na parte de trás por onde o bonequeiro põe a mão e os manipula. A história encenada é melodramática e em versos. O bonequeiro a canta acompanhado de instrumentos tradicionais, como: Kôto e Shamisen. Este é o elemento tradicional que intercala a narrativa.










Kaname participa de uma viagem com o sogro para ver os bonecos e se afeiçoa a eles. Ao voltar para casa ele escreve ao sogro solicitando a separação, mas o sogro resiste e acha que pode convence-los a mudar de ideia. A narrativa acaba sem que se saiba se a intervenção dele deu certo.

Muitas pessoas reclamam da verosimilhança nas histórias de Tanizaki. Que um marido levar uma relação de aparências e ainda por cima permitir que a esposa tenha um amante e ser amigo do cara parece pouco provável. Pode ser que na cultura ocidental seja mais raro de acontecer, mas não teria como dizer na cultura do Japão porque não conheço o ambiente familiar deles. Não há menção de que ano a história se passa. Pelo que pesquisei seria década de 20. 

Para mim o mais interessante foi o tema dos bonecos. 

Outro aspecto que o leitor costuma pontuar é a presença de temas relacionados ao voyeurismo ou descrições de sexo. Nessa história não há. Mas é comum esse tema nos autores japoneses. Imagino que seja pelo fato de essas histórias terem como destino final o leitor masculino. Ao contrario dos romances europeus e russos, onde o público dos folhetins era predominantemente as mulheres. No Japão provavelmente as mulheres não liam folhetins ou romances desse tipo. 

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