Não pretendia escrever nada sobre a escolha de Bob Dylan como Nobel de Literatura. Não por discordar ou concordar, mas pelos comentários que li, quase todos irônicos. Me parece que as pessoas, mesmo aquelas do meio literário, ou são ingênuo-românticas, ou não perceberam ainda, que a escolha da academia sueca é e sempre será política. Daí a chance de Lygia F. Telles ser laureada é algo muito próximo do zero. Lygia não é uma escritora engajada, embora tivesse tudo para ser, pois viveu numa época de ditadura, mas o medo, talvez, a tenha feito ocultar em metáforas e na literatura fantástica, a realidade.
Não adianta fazer piada. O Brasil não escreve sobre seus dramas. Prefere fazer empurrar o drama para baixo do tapete. O escritor brasileiro tem preconceito ou vergonha de seu país, como de resto é esse o comportamento no geral, Então, perde-se aquela narrativa feroz e crítica do que acontece.
A academia está cada vez mais sem opções? Não acho. No ano passado escolheu uma jornalista, muito bem escolhida, por sinal, e agora um poeta da música, igualmente bem escolhido. A academia não dá ponto sem nó. Eles sempre estão mandando uma mensagem subliminar através das suas escolhas. Mandando a real, como se diz na gíria.
Qual a mensagem que eles querem passar na narrativa de Dylan?
Talvez não seja necessário vascular toda sua vasta discografia. Pode ser que a resposta, como disse o poeta-letrista, esteja sendo soprada pelo vento, o tempo todo. Só precisamos parar para ouvir.
Boatos de marmelada ecoaram no meio jornalistico. A gravadora de BD teria comprado o Nobel, desbancando outros candidatos, mas dando a eles uma gorda quantia como premio de consolação. Boato ou não, a corrupção permeia todos os níveis da sociedade e se for verdade, não seria surpresa, que a Fundação Nobel se prestasse a esse papel.
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