The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


quinta-feira, 28 de abril de 2016

Veja nunca me enganou

Muita gente fala mal da revista Veja, enquanto outros parece que são teleguiados por sua falsa atividade anti-jornalistica. No dia, isso faz tempo, em que me dei ao trabalho de contar quantas páginas de anúncios havia na revista, parei de lê-la. Nem havia essa discussão dos últimos tempos. Parei de ler a Veja porque percebi que o conteúdo não importava, O que importava eram os anunciantes. Uma revista inflada de anunciantes pode por qualquer bobagem escrita só para disfarçar seu interesse primordial. As revistas de moda fazem isso o tempo todo. As coisas estão ali para serem vistas e desejadas ou copiadas. Faz sentido na revista de moda. É claro que sendo uma empresa achar isso escandaloso seria hipocrisia da minha parte. Empresas visam lucro, sempre.

As revistas antigas, que ainda jazem no porão, às vezes, as vejo na caixa da lenha. Elas servem para acender o fogo no inverno. Pelo menos servem para algo melhor que o dinheiro que fazem vendendo espaço a seus anunciantes. Mas que anunciantes, em tempos de ódio, poriam suas marcas em uma revista assim? Tenho curiosidade, mas não olho. Tampouco suas vizinhas Época e IstoÉ.

De lá para cá não tenho lido mais essa revista. Vão-se mais de 25 anos. Quando vejo-a em algum consultório sinto uma certa vergonha alheia de quem a colocou ali.

Chegamos ao cumulo de ter que ler jornais de outros países para saber o que acontece no Brasil. E quem não lê em outro idioma, como fica?

Da mesma forma não leio jornal desde que o Correio do Povo foi comprado pelo grupo RBS e hoje pertence ao grupo Record. Eventualmente consulto o guia da Folha (online), quando me interessa saber de alguma atividade que eu possa vir a ver em SP. 

Jornal Nacional eu já não vejo há meses. Quando alguém põe no JN eu saio da sala. Isso não significa que estou marcando uma posição de esquerda. 

Para mim não existe direita e esquerda. Existe a necessidade de olhar para fora do umbigo. Se por no lugar dos outros. Tanta gente defendendo apenas seus interesses sem se importar com nada a seu redor. O mantra que costumo citar: "Tudo para min. Nada para os outros." Leia-se mim como eu e meus pares e outros, todos os que não comungam da mesma classe social que eu.

Um bandido, obviamente irá defender seus interesses. É visceral. Mas os bandidos de fato  não escondem sua condição. Eles estão na pista para morrer ou matar. São coerentes com sua verdade. Os bandidos dissimulados são os da pior espécie, Eles querem nos convencer que não são bandidos. 

Por isso acho estranho que alguém saia de casa, vá às ruas, ou até brigue com pessoas estranhas ou próximas, amadas até, por políticos comprovadamente corruptos. São manada útil. Massa de manobra de gente que não lhes dá a mínima, mas precisa de seu apoio para sobreviver onde está.

Que um militante faça isso, já acho de imensa ignorância, mas militantes tem convicções uteis a sua sobrevivência. Pessoas em geral, descoladas da militância, não precisam tatuar-se de convicções imediatas. Têm a liberdade de corrigir o rumo, de mudar de lado, de mudar de opinião. No entanto, assumem uma burrice daquele que sabe que está errado, mas tem vergonha de admitir e prefere insistir no erro que dar o braço a torcer. A vergonha deveria ser um interruptor que vc. liga ou desliga quando necessário. E voltar atrás, rever posições, não é vergonhoso. É um sintoma de maturidade.

Lutar por causas justas, isso está mais próximo do ativismo.

O brasileiro precisa aprender não a militar, mas ser ativista pelo bem geral de todos. A militância é cega. O ativismo, em alguns casos pode tb. se contaminar de militância, mas é um caminho que pode ser mais interessante que a limitada militância.  Ativismo político e social são necessários sempre, pois ele alerta para injustiças e vigia os opressores para que eles saibam que sempre haverá alguém de olho neles.

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