The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


domingo, 3 de maio de 2015

Ebook-Sete Anos

Fernanda consegue escrever à sério em Sete Anos e de sacanagem em Fim. Às vezes exagera na erudição. Mas se salva um pouco nos artigos mais atuais publicados em jornais. Parece ter pudor em ser simples. Usa "guião" ao invés de "roteiro". Se fosse sua mãe a usar "guião" em 1930 seria aceitável, mas hoje só os italianos e os espanhóis usam esse termo. Não estou negando o erudito e nem mesmo o preciosismo da linguagem. Em tempos onde se escreve por abreviaturas a escrita mais polida faz cair os dentes de quem já se desacostumou dela e quem sequer cruzou com ela poderá achar esse estilo pedante. Ok, que se dane, dirá a Fernanda.

Batizado de livro de crônicas ele na verdade reúne vários gêneros. Há muito mais ensaios sobre filmes no início e artigos de análise político-econômico-social. 

Crônica é um dos gêneros mais escaços hoje em dia. Raro ver de fato uma crônica legitima. Há mais crônicas inventadas que crônicas ouvidas. A crônica tem o pé na rua e o ouvido do tamanho do mundo. Mas nem Veríssimo faz mais crônicas assim.

Sua estratégia de usar literaturas para costurar temas do momento parece boa e justa. Talvez agrade aos leitores colunais de nível acadêmico, mas outros não entenderiam tantas referencias alla Gerald Thomas. Ademais poucos lêem jornal, revista Piauí e Veja. Nem eu leio mais esses bastiões da desinformação. Desculpas por colocar Piauí no meio. Alguém lê, alguém lê. Mas quem não lê roga-se que Fernanda Torres providencie novas coletâneas de seus artigos. Assim reunidos, num livro fica mais possível ler do que ficar pescando em edições avulsas.

Coletâneas, Diários, Memórias tudo cabe.

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