The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Como viver com pouca água na torneira

Em tempos de crise hídrica por aqui. Ela já existe há décadas no sertão nordestino e nem por isso fez-se tanto alarde lá quanto cá.

Mas as soluções que ninguém quer tomar ao meu ver me parecem tão simples que só posso pensar que as pessoas se acomodaram num nível tal que bem merecem o perrengue que por ventura passam ou passarão. Como já diz o ditado: Só se dá valor a água quando ela falta. Ou as pessoas só tomam uma atitude quando a água bate na bunda. Pois, pessoas assertivas ou com um minimo de reflexão se antecipam e planejam sua vida incluindo algumas possibilidades futuras. Alguém poderia dizer mil coisas ao contrário. entre elas: "Ah, quem iria saber que chegaríamos nessa situação?" 
Quem fugiu das aulas de geografia. quem está no mundo a passeio e quem não está nem ai, jamais pensaria e nem pensou.

Veja bem, eu nem vivo num lugar onde falte água e mesmo que faltasse por hora tem chovido todos os dias, ou quase. Não sei se chove onde a empresa que fornecesse, capta e trata a água que distribuí pela cidade. Mesmo que não chovesse não faria muita diferença pois temos desde sempre poço artesiano. Desde que a casa foi construída. Enquanto a maioria das pessoas na cidade aderiu a rede pública e usou o poço como fossa séptica, nós que já construímos a fossa em separado não inutilizamos o poço e foi uma boa opção. Ele nunca secou nem mesmo nos períodos  mais críticos de falta de chuva. E quando chove temos sempre recipientes que coletam a água da chuva. Não esperamos que alguém trate a água da chuva e a remeta para nossa casa. Nós não consumimos a água da rede pública mas a água do poço. 

Ok, bom para nós, mas quem mora numa cidade imensa como São Paulo e mora em prédios o que fazer? Não há como esperar é preciso criar soluções para que os prédios também possam coletar a água da chuva. Os prédios já deveriam ser construídos com um imenso reservatório no subsolo. Essa água seria usada para a limpeza, lavar roupas e nas descargas e por que não tomar banho. Só sobraria a água para beber que até poderia vir da chuva, bastaria filtrá-la. No caso doméstico veja como purificar a água da chuva. Não se esqueça de deixar os recipientes bem tampados para que não se tornem criadouros de larvas do mosquito da dengue.

Há vários projetos na net
As casas também deveriam ter esses reservatórios para coletar a água não só pequenos mas esses que ficam no subsolo. Isso exige pesquisa e planejamento. Se eu construísse uma casa certamente ela teria soluções para ser independente dos serviços públicos de água, energia e gás.

Isso é o básico, mas se não houver chuva ai é preciso conviver com pouca água mesmo. 
A higiene pode ser minimizada. Tem gente por ai dizendo que precisamos de 150 litros de água para tomar banho. Já mostrei num post aqui que com 3 litros é possível tomar banho usando um reservatório como este. Eu testei e até sobrou água! Outra opção é o paninho higiênico como já mostrei aqui. E em último caso o lenço umedecido pode resolver, mas eu não gosto porque tem álcool. Porém já usei em viagens onde não havia como tomar banho.

Ademais toda e qualquer economia de água é válida. Já cansei de ouvir gente que ao ser reprimida por varrer a calçada com a mangueira se defendia dizendo que estava pagando. Não é porque alguns podem pagar que devem usar a vontade. Essas pessoas podem ir morar em outro lugar. podem fugir dos incômodos. Mas a grande maioria não pode fugir senão estariam aqueles que vivem onde nunca chove já batido a nossa porta. 

O fato mais cruel é que ninguém quer abrir mão do conforto. O caminho do consumismo e do bem estar adquirido nos mostra que cada vez mais ficamos reféns do nossa dependência do conforto. O mesmo se repete com o consumo de energia. Quantos já aderiram ao conforto dos novos condicionadores de ar tanto para o calor quanto para o frio. E quem fez a opção de seguir nesse caminho não irá querer largar esse conforto. São os que mais irão sofrer pois não sabem viver sem conforto ou com menos conforto. São o que Darwin chamaria de não adaptados e esses tornam a vida de todos cada vez pior.

Não sigo a ladainha de quem diz que  a culpa é do governo. A culpa é dos viciados em conforto. E por eles temos que passar todos por privações, mas esses se for ver não estão nem um pouco preocupados pois sabem que alguém vai da um jeito para que continuem a tomar seu banho de 60 minutos e dormir no gélido ambiente da sua suite debaixo do seu edredom.


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