The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Anna Karenina, Adieu!

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Essa Ann K. deu o pé na bunda do marido idoso. Ficou com o galã da história. Foi morar na Itália. Voltou para uma vida, em solo russo, de reclusão. Mas ai ela não aquenta não ter vida social. Não ter a atenção do amante, não ter o amor do filho e nem o divórcio que a libertaria para casar-se novamente. Aparentemente Anna deve ser punida para dar satisfação moral e religiosa. O marido traído merece ser vingado pela infelicidade que lhe foi causada. Embora ele pouco se importasse com a esposa e com o filho. Os filhos são como bichinhos que ficam aos cuidados das babas e os pais não tem tempo nem interesse por eles. Os preceitos cristãos devem reger a conduta dos personagens.

É um romance típico. E os romances na ficção acabam em tragédia. A felicidade até é experimentada ao extremo, mas se gasta e depois não há para onde ir senão para o caixão. Romance, aquele carnal, é possível, mas o amor é cheio de osbtáculos.  Parece ser desesperadamente desejado, mas não dá certo. O amor é inalcançável. Há sempre inúmeras dúvidas existenciais entre amar e outro tópico mais importante. Mesmo Kitty que parecia que morreria por ter sido abandonada por Vronsky acaba encontrando, em quem ela recusou, uma felicidade que precisa ser reforçada a todo momento diante do tormento de um marido descrente, ciumento e metódico demais.

Anna K. é punida por querer viver sem se importar se gostam dela, se a aceitam, se a perdoam pelo que fez. Ela apenas quer seu lugar, mas todos a rejeitam e dizem que não há mais lugar para ela. Pois seu ato envergonharia quem andasse com ela. A única saída seria se esconder ou desaparecer de forma trágica para que todos sintissem remorso pela perda.

Anna K. poderia ter morrido ao dar a luz ao bebe. Não morreu. Poderia ter morrido por overdose. Não morreu. A cada parto parece que a gestante vai morrer, mas não morre. Há vários falsos clímax no livro. Eles te levam a crer que alguém vai morrer ou vai ser morto, mas no último minuto vc. vira a página e a situação mudou. Gera-se uma tensão no leitor que não se confirma. Um truque muito bem usado por Tolstoi.

Desde o início vc. sabe que Anna K. vai morrer, (pelo menos se vc. ler a introdução) mas depois de ela quase morrer vc. até torce pra ela não morrer mais. Quando vc. esquece do assunto, ele volta e te pega de surpresa. Mas no fim é a própria Anna que já não aguenta mais a lenga lenga do autor decide acabar com seu já débil sofrimento. Ela está transtornada pela indiferença de Vronski e não vê nenhuma possibilidade de seguir na condição amante/esposa. Nem tem esperanças de que seu Karenin lhe dê o divórcio e o a tutela do filho, evita qualquer sentimento pela filha. Agora ela também quer punir os dois homens que a desprezam e a fazem sofrer.

O contraste entre um casamente do aparências, o casamento de amor e companheirismo. A união baseada apenas no desejo, e a união baseada no amor são o tema central do livro, mas outros temas costuram a história.

Esse é seguramente um livro pra se ler com tempo. Na adolescencia ou na velhice. Eu pessoalmente não suporto mais ler romances. Mas se forço a ler um ou outro autor que foi importante nesse gênero.

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