Lembro bem quando comecei a escrever. Precisamente. Na ocasião acorreu um evento mundialmente impactante. Pelo menos para quem gosta de Rock. Comecei a escrever quando Elvis Presley morreu. Foi um pequeno poema que abriu a torneirinha de letras engasgadas. O poema não existe mais e os que vieram depois quase todos foram destruídos. De tempos em tempos, os revisava e ia rasgando o que não tinha mais sentido. Sobraram alguns do tempo da faculdade. Alguns em inglês, francês, italiano, espanhol e até em latim. Era meu jeito de estudar idiomas: fazendo versos.
Depois da poesia ou junto a ela me interessei por teatro. Devorei tudo que achei de peças de teatro. Shakespeare era o preferido. Esgotadas as traduções, partia para o texto em inglês. Provavelmente foi o autor que mais li. Tentei escrever alguma peça mas tinha o defeito de querer dirigir também e ai precisava duas cabeças. Só tinha uma.
A busca por um texto simples e direto me levou ao conto. Gênero que achava muito difícil e ainda acho.
Romance, como forma de narrativa, não me atraí. A estrutura não tem mais sentido pra mim. Tempo e espaço não me interessam, descrições de personagens, de lugares tudo isso dá trabalho a quem escreve e não constituí-se em algo atrativo para quem lê.
Minhas narrativas não passam de cem páginas.
Quando comecei a escrever usava muito o o pretérito mais que perfeito. Achava bonito, minha cabeça pensava assim, minha cabeça era formal. Hoje qualquer um abominaria o uso desse tempo verbal considerado arcaico.
Aprender a escrever é um exercício diário. Apreender sua própria escrita, sua marca ou assinatura leva tempo. Tempo de experimentação. Tempo de ensaios.
No início eu mal tinha uma ideia e já corria para papel. Depois eu só anotava algumas indicações. Até passar a escrever a história mentalmente e só escrever no papel quando estivesse pronta. O que poderia levar anos.
Nunca escrevi direto na máquina. O barulho das teclas me distraia e nem mesmo no computador escrevo direto. Ainda escrevo e acho que sempre vou escrever no papel. Porque posso lever minhas anotações para qualquer lugar e escrever em qualquer momento.
Ninguém nos ensina a escrever. Nós vamos tateando no escuro, errando e aprendendo.
Até hoje só publiquei alguns contos e poesias em coletâneas e jornalzinho da universidade, sempre com pseudonimos. Nunca tive a ansiedade de me expor.
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