The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Livro:O cortiço

Resultado de imagem para o cortiço todaviaEu tinha um pé atrás com O Cortiço, mas convenhamos, nos anos 80 eu não tinha a estrutura de pensamento que tenho agora. Minha adolescência não estava favorecida pelo liberdade, feminismo, e pela quantidade de informação que temos hoje.  É óbvio que aquele mundo do Cortiço facilmente me causaria aversão. Mas o tempo passou e eu cresci, embora com uma imagem errada do livro, pudo me redimir em tempo.

Ler O Cortiço agora foi melhor do que seria antes. Porque agora eu posso entender a teia social que o livro retrata. Não que as ações não me chamem atenção. Mais pela ousadia do autor de tocar em temas que até hoje causariam surpresa, como: o prazer entre duas mulheres, o inicio da menstruação em uma jovem, o entregar-se a prostituição como oficio ou por não ter opção, já que a mulher dependia dos homens para sobreviver e uma vez que se desgarrasse deles, sem ter onde ir, sem proteção de algum parente, ficaria a mercê da rua.

A mulher nessa história é tratada como bicho. Os termos usados são do vocabulário animalesco. Mesmo as mulheres mais abastadas não escapam do tratamento. Elas só existem para serem exploradas pelos homens, seja financeiramente como Bortoleza, ou sexualmente, como a maioria das personagens.

Há até um caso de pedofilia. Veja que o autor vai ao submundo dos submundos do ser humano. Coisa que Dostô, tido como o mestre do romance social e psicológico, não chega nem perto.

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