Ebook: As Rãs

Mo Yan (Não Fale), pseudônimo do chinês Guan Moye, aborda neste livro, As Rãs (Wa) a politica de controle populacional implantada na China a partir de 1970, onde a explosão populacional fez com que o governo começasse a intervir nos planos dos cidadães de continuarem a ter quantos filhos quisessem. Os argumentos eram que o controle era necessária para que os chineses tivessem uma vida melhor, sem miséria e sem fome e que o país e o mundo não suportariam o peso do excesso de chineses se eles continuassem a se reproduzir livremente. Nas grandes cidades parece que não houve tantos problemas, mas na zona rural a resistência era um campo de batalha. Pois para o chinês não ter um filho homem era a desgraça da sua geração. E enquanto não tivessem um menino eles continuavam a ter filhos. Dai, muitos rejeitarem as meninas. Abandonando-as ou submetendo-se a abortos quando se sabia que era uma menina. Pois se o primeiro filho fosse menina não poderiam ter outro. Em alguns casos poderiam ter um segundo em determinadas condições, mas tinha que esperar oito anos para ter o segundo, se o primeiro fosse menina.

A história é contada por um dos personagens que se chama Girino. Ele conta sua história desde a infância e a história da tia Wan Coração, uma medica ginecologista durona que nunca se casou e que era membro do PC ao qual era fiel servil e colocava em pratica a politica de controle de natalidade, mais conhecida como, política de filho único, custasse o que custasse, fosse quem fosse.

As mulheres que tivessem uma segunda gestação eram obrigadas a abortar, quisessem ou não, eram caçadas e arrastadas vivas ou mortas para fazer o abordo. Além disso recebiam métodos contraceptivos como dil. Alguns homens eram vasectomizados, dependendo da idade e quantos filhos tivessem. Essas ações causavam muitos revolta, protestos e mortes, pois algumas jovens tentavam escapar das mãos da Dr Wan e o esforço em se esconder ou fugir à caça e o estresse as levavam à morte.

O governo pagava uma indenização nos casos em que a mãe e o bebe morressem. Também pagavam uma gratificação às famílias que só tivessem um filho. 

Muitos conseguiam burlar o sistema e ter mais filhos, mas eles não podiam ser registrados,ir à escola, ter nenhum auxilio do governo. Estavam por sua própria sorte. Para registra-los a família teria que pagar uma multa bem salgada.

O jeito que a história é contada é meio pueril e repetitiva. Mas há trechos que podem te fazer chorar.

A questão da servitude ao partido e os benefícios em servi-lo também aparecem na narrativa. Muitos só estão interessados em um emprego público que lhes garanta a boa vida, mas para preserva-lo precisam demostrar lealdade e muitas vezes fazer o que não gostariam de fazer, pois o partido, a doutrina e o líder, que já não é mais Mao Tse Tung, nessas alturas, mais ainda tem grande apresso, e suas ideias, estão acima da própria vida.

Essa política do filho único sofreu muitas criticas dentro e fora do país, sobretudo pelos desdobramentos que causou (crianças abandonadas) mas se mesmo com o controle os chineses já invadem o mundo, imagine sem. Daqui há uns cem anos talvez o mundo esteja todo tomado por chineses, pois eles já há muito tempo tem se evadido do seu país. São poupadores contumazes e guardam dinheiro para comprar a cidadania em algum país alhures. Vi muitos quando fazia o Caminho de Santiago. Eles se instalam em pequenas cidades onde há grande êxodo de pessoas e muita oferta de casas e terrenos para comprar.

Talvez todo o esforço do governo chines em conter o crescimento da populacional tenha sido em vão.  Talvez a longo prazo não tenha sido não, pais poderiam ser eles agora os refugiados invadindo o Ocidente. Os chineses querem ter mais filhos e querem ter filhos menino. É da sua cultura, cheia de superstições.

Por mais que tenham sido feridos pelo controle, os chineses se erguem e seguem em frente. Ainda há muitos outros controles na sua vida. Uma China onde todos fazem o que querem é inimaginável. Mas eles se vingam indo embora do país. "Tchau China, vamos ter quantos filhos quisermos em outro lugar,"

Mas os que não puderem sair da China sempre poderão recorrer a mafia que providenciará um menino para eles.


"“Por que a palavra ‘wa’ pode significar tanto ‘rã’
como ‘bebê’? Por que o choro de um bebê que saiu do ventre da mãe é parecido
com o coaxo de uma rã? Por que os bonecos de barro da nossa terra muitas vezes
têm uma rã no colo? E por que a deusa criadora da humanidade se chama Nü
Wa? Tudo isso indica que o ancestral dos seres humanos foi uma grande rã, o
homem evoluiu da rã. É totalmente errada a teoria de que o homem veio do
macaco…”.