O uso e sacolas retornáveis é um processo lento de convencimento. Sobretudo porque nos acostumaram mal com sacolas e sacolinhas de plástico quando deveriam ter mantido o velho hábito dos sacos de papel e das sacolas de pano. A culpa da aquisição desse hábito pode ser creditada aos estabelecimentos que passaram de pequenas vendas, armazéns à grandes supermercados. Eu nasci num armazém onde se embrulhava o sabão no jornal e o queijo em papel manteiga. As pessoas levavam suas compras em sacos de pepel, sacolas de pano ou em sacos de ráfia ou mesmo em bolsas de algodão, aqueles usadas para ensacar farinha ou arroz ou feijão. Comprava-se somente o necessário para o dia ou a semana.
Mesmo assim, a grande maioria tinha o seu sustento no quintal ou na sua propriedade e o que se comprava era aquilo que não se produzia em casa.
Hoje compramos tudo, tudo e nada produzimos. Dependemos completamente da industria e do comércio. E esses são os setores que mais geram lixo direta ou indiretamente pois tudo precisa ser embalado para que possa ser vendido.
O Brasil está pelo menos uns 30 anos atrasado em relação a muitos países onde o uso das sacolas plásticas foi restrito há muito tempo. Lembro de quando estive na Suíça há pelo menos 12 anos e e ao ir a um supermercado ter que levar minhas compras na mão ou comprar uma sacola de plástica mais grossa que as comuns e portanto mais durável, mas que custava na época 1 Franco suíço.
A resistência ao desuso das sacolas plásticas não reside apenas no hábito e na praticidade. Reside também na ignorância de preservar um hábito em detrimento da preguiça, do comodismo e do pouco caso com os danos que as embalagens plásticas trazem para o meio ambiente.
Um dos argumentos que as pessoas usam para não deixar de usar sacolas plásticas é que as usam para pôr o lixo. Todavia ao usar a sacola de supermercado para o lixo, estamos inviabilizando a reciclagem desse plástico que uma vez contaminado não interessa mais aos recicladores.
Para acondicionar lixo existem os sacos de lixo que já são feitos com plástico reciclado. Continuam sendo plástico com o mesmo prazo de decomposição que os demais plásticos, mas um saco de lixo cabe mais lixo e acaba reduzindo o volume de plástico.
Se as sacolas de plástico virgem fossem usadas apenas para transporte de compras e depois encaminhadas a reciclagem ou reutilizadas para o mesmo fim: compras elas não seriam dispensadas na natureza e não haveria problema, mas como controlar algo que depende e sempre irá depender da consciência do indivíduo?
Os oceanos estão sufocados por ilhas de plástico. Os animais estão intoxicados porque comem esse plástico e no final da cadeia todos são afetados.
O simples bom senso e consciência deveriam ser um motor suficiente em favor de mudanças, mas isso não funciona em uma cultura acostumada com abundância e desperdício.
Não há nenhuma lei que obrigue os estabelecimentos a fornecerem uma segunda embalagem para acondicionar os produtos portanto a retirada dessas embalagens não fere nenhuma lei. Tampouco as sacolas são dadas ao consumidor de graça. Nós as pagamos direta ou indiretamente sem saber.
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