Já escrevi várias vezes sobre crianças. Se juntar daqui há algum tempo dá um livro.
Então, estou sempre atenta ao que elas aprontam em busca de material para minha coleção.
Uma garotinha veio na loja e enquanto vó e a tia faziam as compras ela ficou saracoteando por lá. Como sempre tratamos super bem as crianças, às mimamos com carinho e às vezes docinhos. Elas acabam ficando freguesas da nossa carência de crianças.
Depois de passear com ela pelos corredores, conquistada a confiança, convidei-a para sentar e puxei papo com ela. Todos paravam para nos olhar. A garotinha desatou a tagarelar e contava da vó, da irmã que não a deixava cantar, da profe, que insistia em chamar de tia e eu insistia em chamar de profe. Falava tão rápido que eu tive que pedir pra ela falar mais devagar. Interrompia os relatos, todos misturados e repetidos, para atender seu celular rosa de brinquedo. "Alô, Policia!", e seguia ao telefone numa língua que não era pra entender.
A vó se aproximou pra saber se ela estava denegrindo o nome da família ou o dela, mas já era tarde a fofoca rolava solta.
A garotinha deve ter pouco mais de 5 anos e já tem marcas de fala dos adultos. Não precisa me dizer onde ela aprendeu palavrões, expressões pesadas para uma criança.
Eu que fui uma criança bobinha e ingênua ainda me choco com as crianças adulteradas de hoje. "Alô. Polícia!" Prendam esses pais que não prestam atenção na presença inocente da criança e falam o que querem, brigam, xingam e a criança ali absorvendo, copiando tudo.
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