Ler O Cortiço agora foi melhor do que seria antes. Porque agora eu posso entender a teia social que o livro retrata. Não que as ações não me chamem atenção. Mais pela ousadia do autor de tocar em temas que até hoje causariam surpresa, como: o prazer entre duas mulheres, o inicio da menstruação em uma jovem, o entregar-se a prostituição como oficio ou por não ter opção, já que a mulher dependia dos homens para sobreviver e uma vez que se desgarrasse deles, sem ter onde ir, sem proteção de algum parente, ficaria a mercê da rua.
A mulher nessa história é tratada como bicho. Os termos usados são do vocabulário animalesco. Mesmo as mulheres mais abastadas não escapam do tratamento. Elas só existem para serem exploradas pelos homens, seja financeiramente como Bortoleza, ou sexualmente, como a maioria das personagens.
Há até um caso de pedofilia. Veja que o autor vai ao submundo dos submundos do ser humano. Coisa que Dostô, tido como o mestre do romance social e psicológico, não chega nem perto.
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