De fantástico não sei o que essas duas histórias tem. O fato de versarem ambas sobre o suicídio na primeira e uma tentativa de suicídio na segunda, em que o tema suicídio é fantástico? Não há fantasmas, vozes, coisas tipicas do gênero fantástico. No segundo conto o narrador tem um sonho onde ele tem a percepção de estar saindo do seu corpo e estar sendo transportado pelo espaço. Só isso.
A primeira história trata de um penhorista, mas conhecido como usurário, que se apieda de uma menina de 16 anos que vivia muito mal na casa de umas tias que queriam casa-la com um senhor mais velho. Ela ia com frequência a casa do narrador para penhorar ninharias a título de por anuncio no jornal para arranjar um emprego e sair daquela vida.
O narrador deseja salva-la da miséria e faz de tudo para convencer as tias a deixar ela casar-se com ele e não com o tipo que elas já haviam arranjado. Ele dá dinheiro a elas para que elas concordem.
A moça era alegre, faladeira, irreverente e isso incomodava o narrador, pois ele queria uma esposa comedida, silenciosa e obediente. Dizia para si que depois de casada ele a domaria. Mas depois foi sedendo e não conseguiu cumprir a que dizia. Ela tinha arroubos de carinho, queria abraça-lo, mas ele achava isso demasiado e se fechava na sua frieza. Ela foi se revoltando. Primeiro, como ele lhe deixou a caixa de penhores por sua conta, ela pagava mais pelos objetos. Tinha pena das pessoas. Depois para vingar-se começou a sair com um rival dele. Quando ele descobriu a levou para casa. tirou-lhe a caixa de penhores, mas deixou uma arma sobre a mesa, como quem diz não vou te matar, mas se fores honrada sabes o que fazer. Ela não fez o que ele imaginou. Muito pelo contrário encostou a arma na cabeça dele, mas não teve coragem de puxar o gatilho. Daquele dia em diante caiu doente. Ele fez de tudo para trata-la, pois descobriu-se apaixonado por ela, mas o silêncio e os olhares eram a única comunicação. Quando ela começou a cantar ele achou-se ofendido pensando que ela o havia esquecido e saiu para caminhar. Nesse momento ela pulou pela janela e morreu.
Em Um Homem Ridículo o narrador sonha que se matou disparando uma bala no coração. No caixão ele percebe que está morto e que alguém o leva para o espaço onde ele vê as estrelas. Então ele volta para a terra, mas não é o seu país. Parece que ele foi para a Europa, Grécia. Ele não gosta de ter nascido na Europa pois lá não tem o que tem na sua terra e nem os costumes são os mesmos. Ele considera a sua terra (a Rússia) mais evoluída.
Sabe-se que Dostô era anti-europeu. E na comparação Rússia X Europa, mesmo a Rússia vivendo no feudalismo e na escravidão, para ele adotar o modelo europeu seria a morte da Rússia. Pelo menos daquilo que ela tinha de peculiar. Parece que ele se enganou. A Rússia continua com suas peculiaridades graças ao protecionismo, nacionalismo e o comunismo que protegeram o país de uma americanização generalizada. A Europa já estava lá na preferência das altas classes em falar francês e se vestir a moda do ocidente.
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