A quem interessa a definição de família?

O estatuto da família é um documento incompleto. Ainda há muito a ser discutido e incluído. Decidir apenas a parte que agrada a uma minoria não é o bastante. Por ora diz que o núcleo familiar só é possível pela união de homem+mulher. Uma redundância. Por acaso é possível haver um individuo sem a união de ovulo+esperma? Só se o individuo for gerado pelo ES. Então excluir quem, apesar de ter sido gerado por óvulo+esperma, mas não vive no núcleo: homem + mulher, é algo no minimo  preconceituoso.

Para o Estado representaria menos gastos públicos. Menos Bolsa Família, menos acesso ao SUS, menos cesta básica, vale disso e daquilo. Mesquinhez pura. Afinal, família ou não todos pagam indiretamente tributos e tem direito a ter acesso à politicas públicas. E esse pode ser o motivo mais banal dos motivos. Outros motivos convém detectar.

O Estado não pode enfrentar a força fundamentalista, sobretudo num momento onde precisa de apoio de todos, mas pode se fazer de morto e deixar o barco chegar até o ponto onde ele poderá ser resgatado por inconstitucionalidade. São os jogos do poder e do toma lá, da cá.

Todos precisam de todos numa conjuntura desfavorável e mesmo que fosse favorável ainda assim haveriam negociatas. De toda forma quem sempre sofre é quem está no posição mais frágil e dependente. Quem não precisa de Bolsa Família nem deveria se incomodar com o estatuto. Não para si, mas deveria se incomodar por quem precisa.

Do ponto de vista da religião, se as facções que disputam fieis exigirem que os mesmos tenham a configuração tradicional correm o risco de verem seus templos esvaziados. Isso quando a ignorância e a cegueira de seus fieis diminuir. O que pode levar séculos.

Cada vez mais as novas gerações tem asco de alguém dizendo o que devem fazer no seu quadrado íntimo. A religião sempre esteve mais perto de opressão do que de libertação. E assim caminha a humanidade: de volta para barbárie dos tempos mais remotos.  Mas cada um é livre para ir e vir de qualquer religião menos de facções religiosas que ai sim cobram um preço pelo passe nem sempre livre. Algo como a máfia: entrou, só sai morto.

Responda essas perguntas se puder.

Por que fundamentalistas defendem uma família tradicional? O que está por trás desse argumento e quem ganha com esse modelo?