The only real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes. Marcel Proust


domingo, 5 de julho de 2015

Ebook-Bio e Diário-Virginia Woolf

Por alguma razão não fui uma grande leitora de Virginia Woolf. Li com facilidade Flush e Orlando, mas penei para ler To The Lighthouse. Tudo bem que escolhi ler em inglês quando ainda não tinha a melhor habilidade para o idioma. Um Teto Todo Seu li em italiano, o que contra balançou o sentido de peso entre o inglês e o português. Outros romances seus, com os quais me deparei, não quis ler em inglês. Achei muito aborrecido ou tive preguiça. Então achei uma biografia e na mesma semana Diários de Virginia Woolf. 

 Pois bem! Às vezes a gente tem que seguir outra abordagem e ir comendo a sopa pelas beiradas até que ela esfrie e esteja mais digerível. Sei que nada tem a ver com a autora, que admiro, mas comigo mesma. Por ora não me apetece ler mais romances seus. Quem sabe um dia.


É claro que os diário de V.W. sofreu sumaria edição, pois seu editor era seu marido e ele não publicaria o verdadeiro e cru diário da esposa famosa. Sua justificativa foi que muitas das pessoas citadas no diário ainda estavam vivas e isso poderia constrangê-las, portanto apenas as entradas sobre making off da escritora, suas leituras aparecem nesse "Um Diário da Escritora."

A biografia conta como era difícil a vida das mulheres em uma casa onde a mãe se casou duas vezes e o padastro já tinha filhos ao casar-se com sua mãe. Como as filhas estavam irremediavelmente dependentes e após a morte da mãe de Virgínia, da meia-imã, o pai tornou-se mais rígido e mais distante, mais mesquinho e carrasco com as filhas. Filhas que eram sistematicamente estrupadas pelo meio irmão, 15 anos mais velho que elas e de quem dependiam. Assim Virgínia pensava constantemente em ser independente. Passou a colaborar com artigos para o jornal The Gardian e costumava ganhar mais escrevendo para o jornal que ganhou publicando seus livros.

Virgínia sofreu desde criança com distúrbios mentais e o ambiente nada favorável a que era submetida em casa não a ajudava. Um pai que a educou nas letras, e que ela odiava. Um meio irmão que a molestava. O mundo masculino a sua volta não lhe dava nenhuma esperança. O glamour dos livros de Jane Austen não passava de um mundo de contos de fada perto da vida claustrofóbica vitoriana.

Por isso quando conheceu o escritor Leonard Woolf viu nele uma oportunidade de se livrar de uma vida opressora e voltar a frequentar o circulo de escritores de que tanto gostava quando seu pai se interessava e quando sua mãe estava viva e recebia alguns escritores em sua casa. Com Leonard ela pode respirar um pouco dessa atmosfera, mas sua doença era um grande empecilho. Os médicos da época pouco podiam fazer por ela, pois não havia métodos e medicamentos ainda em uso. Eles acabavam por recomendar um retiro no campo, banhos em balneários de águas termais, mudança de ares, de clima, Virgínia escapou do terror dos choques elétricos. Morreu antes de serem uma prática comum no tratamento de doentes mentais.

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